Uma canção de Noel Rosa
Quem é você que não sabe o que diz?
Meu Deus do Céu, que palpite infeliz!
Salve Estácio, Salgueiro, Mangueira,
Oswaldo Cruz e Matriz
Que sempre souberam muito bem
Que a Vila não quer abafar ninguém,
Só quer mostrar que faz samba também!
Fazer poema lá na Vila é um brinquedo
Ao som do samba dança até o arvoredo
Eu já chamei você pra ver
Você não viu porque não quis
Quem é você que não sabe o que diz?
A Vila é uma cidade independente
Que tira samba mas não quer tirar patente
Pra que ligar a quem não sabe
Aonde tem o seu nariz?
Quem é você que não sabe o que diz?
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As vezes me pergunto: o que poderia eu fazer para me ajudar de alguma forma?
Vocês não se perguntam, da mesma forma?
O que pode fazer, assim, alguém que ganha salário-mínimo, por trabalho , para ter uma vida melhor, com um pouco mais de saúde, com um pouco mais de bem-estar?
Eu vivo sozinho, me aposentei cedo, não gasto com transporte, não tenho filhos nem esposa, a quem cuidar! E não sobra muita coisa no fim do mês! Imagino quem gasta com transporte, tem que alimentar, e vestir e cuidar da saúde e da educação dos filhos! Como conseguem? É uma espécie de milagre diário, contínuo, viver com tão pouco de dinheiro!
Mas houve uma época, em que as pessoas trabalhavam duro 14 horas ou mais por dia, e não tinham direito a descanso, acesso a educação, saber, conhecimento, e nem direito a cuidados com a sua saúde!
E hoje já não é assim!
Eu li um dia que o Sr. Getúlio Vargas, falando de críticas de diversos grupos de pessoas, a respeito de concessões de benefícios para os trabalhadores em seu governo! Parece que ele fez com que os trabalhadores passassem a receber bem mais por trabalho do que antes e também algo em relação aos trabalhadores em sua velhice, passarem a receber ou terem um dinheiro para se manter quando pudessem mais trabalhar! Era criticado por isso! E dizia: -Eles não entendem que com isso eu estou salvando as suas cabeças!
Algo relacionado à Revolução Russa em que o que havia existido por séculos ou aqueles que eram as elites do país deixaram de o ser , aqueles que governaram durante séculos o país deixaram de o fazer: foram mortos!
Na Rússia, um país feudal, onde a escravidão foi abolida por volta de '1850, e onde quem era o escravo, a propriedade de outro e a mercadoria, era o do próprio povo, o da própria raça! Onde a riqueza era medida em quantidade de almas que cada um possuía! E onde o senhor da terra tinha direito de vida ou morte sobre aqueles que eram sua propriedade!
E nessa revolução, nessa rebelião, nessa revolta, bem sucedida o propósito não era se adonar do que os outros tinham construído, tinham como seu para disso se beneficiar! Mas, digamos ,queimar ,destruir o foi obtido em séculos de exploração de trabalho escravo e reconstruir, construir algo em outra base, em algo relacionado a uma sociedade mais justa!
E o admirável nisso, e a grandeza disso, está em pessoas terem se unido em torno de uma idéia, de um ideal, e de terem dado suas vidas para isso! Na coragem de um povo! Mas não em tudo aquilo que se seguiu, na forma que encontraram para se organizar em relações de trabalho, em tudo o que se seguiu! Em uma receita de vida ,talvez, e nem isso, que serviria para um formigueiro! Só se poderia ser empregado e de um único patrão! O partido! O salário seria igual para todos, por trabalhos de importância diferentes, em quantidades diferentes, e em qualidade diferentes! Na biblioteca do país só poderia existir um livro, O Capital, de Marx, e os que a ele se relacionavam e os que a ele não feriam os princípios! Enfim, algo, que tolhia a todos, que tolhia a vida! Em algo que tirava das pessoas o direito de se auto determinar, de ter vontade própria, de ter opinião própria sobre o que quer que seja!
Mas, o fato dessa rebelião ter triunfado, e de se passar a pensar a fazer o mesmo em outros países fez com que, por sensatez, em muitos países, os seus governos passassem a fazer concessões para aqueles que trabalhavam, mais do que duas batatas cozidas para comer por dia trabalhado, concessão de acesso a educação e cuidados com a saúde! E não foi uma coisa que aconteceu sem luta, sem esforço nesse sentido!
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E assim, eu penso, se vocês conseguem chegar ao fim do ano vivos, apesar de tudo, e tendo, ao fim do ano um salário de acréscimo, o chamado 13º salário, se poderia fazer , em conjunto, o que o próprio do capitalismo: a formação de um capital e através dele construir todo um futuro! Na maior paz, no maior amor!
Vejam vocês: com esses mil reais o que que cada um poderia fazer para si próprio, assim individualmente, pagar metade do valor de uma geladeira nova ou um estofado novo? Depositar na caderneta de poupança? Daria , dessa forma, individualmente, para mudar alguma coisa na vida de vocês?
Mas, eu andei pesquisando, e ao que parece, pessoas que ganham salário-mínimo e recebem esse 13º, são por volta de 40 milhões! E se, simplesmente, todas se unissem e passasse a existir uma conta-conjunta , de todos vocês, cada um com um cartão magnético, identificado! Com mil reais não dá para mudar quase nada na vida de cada um, mas com 40 bilhões por ano, em nome de vocês todos, dá para mudar a vida de todos! De um ano para outro, vejam tudo o que vocês poderiam passar a ter: terras de vocês, produzindo alimento para vocês, 10 desses 40 bilhões poderiam ser usados para financiar projetos, ideias, de vocês e dos filhos de vocês, um dinheiro que um banco privado não emprestaria sem a garantia de devolução, de que não teria prejuízo! Poderiam oferecer, a cada ano, trabalho, ganha-pão decente, para milhões de famílias, que hoje não tem nem esse salário mínimo para poderem viver!
Enfim, eu acho, que aqueles que em meio a todos são os mais pobres, já tem como ajudar a si mesmos, ou a si próprios! Já dá para andar com as próprias pernas!
Todo um futuro, todo um vasto horizonte, de vocês, para vocês!
Não há a necessidade de nenhuma revolta, de nenhuma guerra civil, não faria nenhum sentido, aqui no Brasil! Aqui não!
Mas é preciso se determinar a isso, um pouco de esforço, porque sem isso, também não! Não cai do céu!
Assim, quem sabe, como cada um, quando criança, tendo nascido, se determina e começa a andar,. a caminhar!
Sem ferir direitos de ninguém, sem ser criminoso em relação a ninguém! Na maior paz! No maior amor!