Certa vez ao passar pelo cavalo Ardrovardo ele me fez um sinal com a pata, com o casco da sua pata, o batendo no chão, assim como quem indica dor! No que será que tu pensas cavalo Ardrovardo?! Com o que será que tu sonhas?! Tu não sonhas com as planícies imensas, em desabalada carreira numa tempestade elétrica de músculos em movimento, com as tuas fêmeas, com os teus filhotes?! Tu não sonhas com a liberdade?! Em estar livre?! ...Escravo dos humanos...puxando suas carroças, montado por eles...para te ser permitido o direito de devorar o pouco capim que ainda cresce entre as pedras! Pensei em levar o teu caso à uma esfera acima da esfera do Criador, se a houvesse! À esfera da jurisprudência cósmica! Não só caso do cavalo Ardrovardo mas também do boi Ardrovardo! De toda uma criação estar assim estabelecida em crueldade! De se criar um ser e logo depois outro para devorá-lo! De ter sido criado para ser a comida do outro! Para que tenha durante toda a sua existência a lhe rondar, em volta de si, garras e presas em ímpeto, destreza, força, em constante perigo, em constante luta pela vida! Em constante ameaça, em constante perigo! E não apenas pelo caso do boi Ardrovardo e do cavalo Ardrovardo mas de ter criado a espécie humana! Com que propósito colocaria como espécie dominante, a mais apta, em meio à sua criação, a com mãos articuladas e com a capacidade de expressar em códigos sonoros pensamentos ideias, sentimentos e tendo como razão para a sua existência, prazer, sastifação, alegria, felicidade, exercício para a sua inteligência e criatividade o acabar com o da mesma espécie como espécie?! Em matar nele o que o caracteriza como espécie?! Em chegar a ter o prazer do orgasmo no esfregar a sola do sapato na alma do outro?!... Com que propósito?!...Haveria algum propósito?
Há requisitos para a vida, para viver! Requisitos em força, vigor, inteligência!
Requisitos de saúde física e mental!
Haveria algum requisito para a espécie humana, para se mantê-la, como espécie nesse universo? Quem , nesse universo precisaria da espécie humana, do seu modus vivendi?! Em que lugar deste universo alguém precisaria de uma espécie que faz de cursos de água limpa valas de esgoto fétidas, de solos férteis estéreis e envenenados, de uma espécie que mata tudo o que estiver vivo que não lhe tenha alguma serventia, de uma espécie para a qual a vida é um exercício de ódio e desprezo, de um pelo outro, prazer maior e exercício para inteligência a desgraça alcançada do outro?!
Vocês sabem do valor de um planeta como este nosso? Em que tudo é propício à vida? Em que tudo é calculado e medido para que a vida se torne possível? Vocês sabem o valor de tudo isso que vocês matam, emporcalham, envenenam dia após dia? Por que vocês procuram planetas em que a vida seja possível? Para que vocês pensam em se mover até eles? Para fazerem o mesmo que fazem aqui? ..........
........Voltando ao inicio do texto! O que se pode fazer pelo cavalo Ardrovardo e pelo boi Ardrovardo? Por sua sina de boi e cavalo? Poderia sublevá-los de alguma forma, de alguma forma levá-los à rebelião? Poderia eu fazer alguma coisa por mim me sentindo da mesma forma tão impotente diante de tudo como um boi e um cavalo!
O cavalo Ardrovardo não poderia fazer nada por si mesmo e nem o boi Ardrovardo mas o homem sendo tangido como gado pode por que não é gado apesar de se poder tratá-lo como tal! E eu acho que isso acontece em função de depender de um outro para poder viver, de ter alguém lhe oferecendo trabalho para ter um prato de comida para comer!
E eu acho que se o grau de desenvolvimento de um país depende do grau de desenvolvimento do seu povo o que se deve fazer para desenvolver um país é desenvolver o seu povo! Investir em desenvolvimento humano!
Vocês nunca pensaram em investir na parte mais pobre da população? Naqueles que nascem de pais analfabetos, sem um pedaço de chão para plantar o seu alimento, sem trabalho sendo oferecido para terem um prato de comida para comer, fundo e cheio!? Pois eu acho que o retorno seria grande, ...em menos desgraça, em menos infernos,...em menos pesadelos...!...Para todos!
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